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13 de julho de 2024. 20:00h

Coriolano, después de Shakespeare

Adaptação de Jorge Múñoz e Emilio del Valle

TEATRO E DANÇA / DRAMA

Século V a.C. C.. Em Roma, a democracia mal aparece como a conhecemos hoje. Há uma crise alimentar devido aos altos preços do trigo: a inflação. O povo quer comer. Uma greve, uma revolta ocorre, colocando patrícios e plebeus nas ruas, e os seus representantes no Senado. Eles têm que escolher o Cônsul. Os patrícios propõem o conservador Caio Márcio, jovem mas especialista militar que odeia o povo. Porém, ele precisa dos votos deles, deve pedir-lhes, suplicar-lhes, como passo necessário para ser proclamado Cônsul. Uma batalha promovida pelos volscos contra Roma é derrotada por Caio Márcio em Corioles. Caio Márcio agora é Coriolano. Ele venceu a batalha de Corioles, a batalha política de Roma acabou. Luta de classes, preço dos alimentos, inflação: a validade deste texto é extraordinária.

Shakespeare (1564-1616) copia o argumento de Plutarco (350-432 a.C.) – às vezes literalmente – para compor Coriolano, ou seja, inventa algo já feito, estabelecendo um diálogo anacrônico entre o seu antes e o seu hoje. Da mesma forma, esta obra é impensável sem Maquiavel (1469-1527), uma de cujas máximas era que “a melhor força de um governante é não ser odiado pelo povo”, e que Shakespeare sem dúvida conhecia/lia. Por outro lado, nosso presente dialoga permanentemente com Shakespeare. Finalmente, em 1605-8, aproximadamente o ano em que Coriolano escreveu, a Inglaterra está no meio de uma grande crise política e econômica. O preço dos alimentos disparou, os cofres do reino esvaziaram devido às guerras com a Irlanda e as classes sociais populares emergem e rebelam-se. Com esse terreno fértil bebemos de Shakespeare, de Plutarco, de Maquiavel, dialogamos com ele, com eles, tentamos imaginar como Shakespeare reescreveria hoje seu Coriolano, e o fazemos imersos em nossos tempos atuais, na validade do texto, e com motivos semelhantes.: tentar nos compreender/compreender melhor. Obviamente nos concentramos na trama política, e da trama militar extraímos o que intervém no futuro da trama política. Tomamos decisões a partir do nosso hoje que tornam a contemporaneidade de Coriolano avassaladora. Não fazemos hoje nada diferente do que Shakespeare fez ontem: dialogar o presente com o passado. Daí o título: Coriolano, em homenagem a William Shakespeare.


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