Minha filha vem com o vestido de noiva e eu vou matá-la…
A morte de Ifigênia é a primeira morte violenta de uma mulher na literatura ocidental. Agamenon, seu pai e chefe do exército grego, sentencia e prega como uma bandeira a raiz da violência contra meninas e mulheres na origem da nossa civilização. Seguindo o rastro do sangue de Ifigénia chegamos ao sacrifício de Polixena, uma princesa troiana, e a descoberta queima a raiva nas nossas gargantas: A Guerra de Tróia terminou como começou, inundando o mar com sangue virgem…
Com Ifigênia traçamos um mapa desde o quilómetro zero da violência contra as mulheres até ao regresso a casa do exército perpetrador vitorioso. Uma obra recém-criada, tecida a partir de três tragédias clássicas, pelas quais passa a epopéia da vitória grega na Guerra de Tróia: Ifigênia em Aúlis, Hécuba e Agamenon. Uma obra sobre o custo altíssimo que as mulheres tiveram que pagar para que os homens alcançassem a glória.
Hécuba e Clitemnestra, rainhas dos vencedores e dos vencidos, mães das assassinadas, guardam no ventre uma ferida selvagem que se abre. A raiva se transforma em fúria lenta. Aqui está a transformação das mães em feras… O portão de aço da vingança se abre… O silêncio é rasgado pelo instinto voraz de uma fera atormentada e um grito estrondoso e sedento de sangue assassino. Esta é a história das esquecidas e de suas mães condenadas. É uma rosa de sangue entre mãos ensanguentadas. Ifigênia é uma fresta de luz na caverna escura onde a dor e a culpa das mulheres foram lançadas. Um raio de luz para iluminar tudo, para que seus nomes não sejam apagados da história. Porque o silêncio não é inocente.
Seus gritos atormentados perfuraram minha barriga como vidro afiado. E já não tinha mais medo de queimar.
A Luz é Nossa.
Não recomendado para crianças menores de 12 anos.
Pode conter cenas cruéis detalhadas.